quinta-feira, 17 de junho de 2010

Flexibilidade Doutrinária: Enfraquecimento da Igreja


Inevitavelmente a principal causa do enfraquecimento da igreja é a sua atitude leviana em relação à doutrina. O desleixo e a negligência moral é a conseqüência de um desprezo pela doutrina sólida. A flexibilidade doutrinária, principal característica do liberalismo teológico, tem sido a desgraça na vida da igreja. A igreja perde o seu caráter de igreja e se transforma em uma mera instituição sem forma. Não há características, nem formas, nem conceitos, nem identidades. É como a água que se molda de acordo com o recipiente. Justa a doutrina que é o “tônico” espiritual para o robustecimento da fé. A negligência numa doutrina firme e inflexível torna a igreja desnutrida e raquítica. A igreja deve atentar por princípios que garantam a sua estabilidade e espiritualidade. Não havendo estes princípios, a igreja perde a sua finalidade e entra num caos.

Todos os aspectos da igreja são enfraquecidos quando é adotada uma atitude negligente com respeito à doutrina. Não havendo doutrina, perde-se o interesse nas coisas espirituais, trazendo terríveis conseqüências na vida moral da igreja. Torna-se apática e perde-se a noção dos seus deveres. Ficando inerte, não exerce mais a sua influência como sal da terra e luz do mundo. Não aje mais disciplinadamente para com seus membros e entrega a igreja a atitudes e comportamentos ímpios e mundanos.

A igreja deve ir atrás de uma estrutura doutrinária bem sólida. Esta estrutura deveria ser o ponto de partida para dar início ao funcionamento de qualquer igreja. Procurar se posicionar diante de uma corrente doutrinária bíblica é imprescindível se queremos nos afastar das similaridades encontradas entre a igreja e o mundo, visto que os deveres cristãos (principal marco divisório entre o comportamento cristão e o mundano) são cumpridos com base em convicções doutrinárias inflexíveis.

Precisamos rejeitar qualquer formulação de um sistema doutrinário amoldado às disposições subjetivas e tendenciosas de cada pessoa, lutando em favor da existência de uma igreja fiel e de convicção doutrinária irredutível. Rejeitar a idéia de "cada pessoa tem a sua verdade", mas proclamar a Verdade Absoluta das Escrituras.

As práticas ecumênicas são as principais defensoras de uma teologia flexível, visto que ela não permite um dogmatismo rígido por ser prejudicial à unificação de todas as crenças. É preciso agradar a todos adotando uma posição dogmática que reúna todos os sistemas doutrinários em um só lugar.

E porque o ecumenismo enfraquece a igreja? Ela mancha a evangelização. Ao contrário do que se diz, o enfraquecimento da evangelização está exatamente no liberalismo dos que aceitam o ecumenismo, deixando de lado a pregação pura do evangelho que liberta o pecador do inferno e passa a aceitar a apresentação de um evangelho social. Ao colocarmos a doutrina de lado, não há razão para pensarmos na obra missionária. O que é evangelho senão as boas novas de salvação? A proliferação das idéias ecumênicas tem colocado a igreja numa “área de conforto”, onde descansa profundamente experimentando o seu comodismo.

Uma igreja assim não se preocupa com a evangelização, porque considera todos como cristãos. “Todos são filhos de Deus!”, “Todos os caminhos levam a Deus”. Por isso não importa se ela está na igreja “A” ou na igreja “B” ou até mesmo sem igreja. Todos serão alcançados pelo Deus amoroso, bondoso e que tem pena de todos! Para quê tanta rivalidade! Qual é o problema de padres pregarem em igrejas evangélicas ou pastores subirem a um púlpito católico? Vivamos o clima de compreensão e cordialidade!!!

Essa é a atitude flexível quanto aos dogmas. A apologética é jogada no lixo, e a apresentação de Deus limita-se apenas a apresentação de um Deus paternal. “Tem de haver, neste caso, o sacrifício da doutrina, porque a sua apresentação integral promove divisões”. Prega-se a igualdade de todos os homens em relação a Deus, não levando em conta o credo que professam e nem o estilo de vida que vivem. Não se prega mais aquela teologia que ensina que para ir a Deus é preciso uma transformação radical na vida espiritual da pessoa.

Comumente é feito uma distinção errônea entre o evangelho e a doutrina. Segundo o conceito bíblico, evangelho é doutrina! A negação das doutrinas fundamentais do cristianismo é a negação do evangelho. Ao abandonarmos o conservadorismo bíblico, ficamos mais próximos dos liberais e modernistas, diminuindo a ênfase numa teologia sólida e flexível e tornando a igreja numa instituição sincretista, mistura de concepções religiosas heterogêneas.

Com a flexibilidade teológica, a igreja perdeu de vista a sua força influenciadora para a preservação da sociedade. A igreja não influencia mais na sociedade. Não tem mais voz! A sociedade prega a decadência do casamento e a igreja fica calada. A sociedade manifesta a sua ira usando a força e a anarquia contra os governantes descompromissados e a igreja fica calada (quando ela não atua junto coma sociedade!). Não se ora mais pelos magistrados civis, até porque não existe mais a doutrina de que Deus constituiu os magistrados civis para serem respeitados e obedecidos.

A flexibilidade doutrinária enfraquece também a igreja na sua vida moral. A boa doutrina é o princípio de uma vida correta. A doutrina faz a vida. Ela rege a nossa prática. O abandono de certos preceitos morais torna a igreja relaxada em receber os candidatos á profissão de fé, sem investigar o estilo de vida vivido pelo candidato. Faz vista grossa à prostituição e aos diversos tipos de imoralidade. Recebem em seu meio pessoas adúlteras e abraçam aquelas que estão entregues aos vícios da vida. "Venha a Deus como você está!", "Deus aceita você como você é!". Não existe mais aquela teologia que ensina que o homem não pode ir até Deus com seu pecado porque Deus não se agrada do seu pecado. Não existe mais a doutrina do pecado ou do inferno. Nada mais do que óbvio: se jogaram fora a doutrina bíblica, o combate ao pecado foi junto.

Essa é a principal arma que o diabo usa para destruir a Igreja de Deus. Ele não se cansa de batalhar até ver as ruínas da Comunidade dos Santos. Não se cansa até ver a sociedade mundana mastigando e engolindo, pouco a pouco, as estruturas do Corpo de Cristo. Se tivéssemos a idéia da destruição que a igreja está sofrendo, defenderíamos com o mesmo grau de vigor que o diabo tem atacado.

Este momento é o momento que exige uma posição doutrinária convicta e destemida. Os púlpitos conservadores devem falar constantemente dos ideais da igreja e do seu papel na defesa intransigente da Palavra de Deus.Precisamos doutrinar esta geração e repetir as atitudes dos nossos pais na fé na luta por uma pregação bíblica fiel, doa a quem doer. Precisamos manter crentes fiéis e inflexíveis na teologia e moldar outros para não serem levados por todo vento de doutrina. Que os conselhos sejam mais criteriosos na avaliação de novos membros. Que os nossos seminários teológicos sejam mais cuidadosos na hora de aprovar algum candidato ao sagrado ministério. Que os nossos presbíteros sejam mais atentos ao receber novos ministros de outras denominações. Que as nossas igrejas sejam mais rígidas e rigorosas na exigência de uma profissão de fé anti-maçônica, anti-pentecostal, anti-arminiana e anti-liberal.

Que os nossos púlpitos conservadores e bíblicos sejam verdadeiros canais, de onde são ensinados as antigas doutrinas da graça, doutrinas fundamentais da Palavra de Deus. “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).

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