sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Como um camaleão ou como um servo leal

Miss. Robson Abreu

Passei alguns dias em uma das tribos onde nossa Missão trabalha, lá no Amapá, com os índios WAIÃPI. Sob um sol escaldante, sempre procurava os lugares frescos para ficar. Foi em uma ocasião destas, na qual estava estudando e escrevendo um pouco, que não pude deixar de contemplar o passeio dos camaleões pelos diferentes tons de cores da tão densa vegetação.

Quando este animal passava por um local de cor cinzenta, uma mudança extraordinária acontecia em sua coloração, o cinza em seu corpo se igualava ao daquela vegetação, e quando corria para uma área predominada pela cor verde, sua pele se transfigurava tão rapidamente, que em poucos segundos ele já se confundia com o verde da floresta.

Essa capacidade de se confundir com o ambiente é uma defesa da natureza para preservar a vítima do seu predador. O MIMETISMO é uma mudança significativa de que alguns animais e plantas se utilizam para levar algum tipo de vantagem diante do seu mecanismo de subsistência.

O interessante, entretanto, é verificar o comportamento MIMÉTICO do ser humano. Como nós somos furta-cores! É muito comum mudarmos de linguagem de acordo com o ambiente : “NA CASA DO SAPO, DE CÓCORAS COM ELE”.

Existe um lado muito bom nesta questão. Devemos nos adaptar sempre que for preciso ao contexto no qual estamos inseridos. O verdadeiro cristão não precisa ser um destruidor de culturas, impondo as regras a seu modo. Se quisermos ser parte da solução dos problemas, precisamos penetrar com sabedoria no ambiente histórico e cultural em que fomos chamados a agir. Sem nos conformar com o mundo, devemos nos identificar com as pessoas de tal forma que elas possam nos entender quando estivermos falando.

Por outro lado, é importante não confundir a estratégia de relacionamento com a estúpida deformação do comportamento, apenas para não sermos perseguidos e sim aceitos.
Durante minhas viagens às aldeias não fiquei só a observar camaleões, não. Contemplei também missionários de verdade, de carne e osso. Em alguns os ossos se sobressaíam mais que em outros. Porém, estavam lá, no meio da selva demonstrando sua total LEALDADE a Deus. Estudando, pesquisando, convivendo com pessoas de culturas extremamente diferentes, com a pura e única intenção de levar-lhes o conhecimento de que Jesus Cristo é o Salvador de toda raça, tribo, língua e nação.

A lealdade das esposas que, com todos os afazeres domésticos, têm como prioridade o aprendizado da língua e cultura para receberem em suas casas os enfermos e abatidos de coração e assim transmitir as boas novas de Cristo. Foi isso o que vi.

Ter jogo de cintura e ser camaleão é fácil, porém vá viver lá! Ser luz junto a uma grande árvore iluminada pode até ser que você não ilumine o suficiente e muitos nem notarão.
Ninguém pode ser aceito por Deus por causa de uma simples maquiagem. Ninguém pode servi-Lo e servir a si mesmo. Ou somos leais ao autor e consumador de nossa fé ou seremos sempre um disfarce.

Em que tipo de terreno você está caminhando nestes dias?

“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa”. Mateus 6:16

Nenhum comentário:

Postar um comentário