terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quem é o Missionário?

Quem é o Missionário?

Pr. Jairo de Oliveira

Publicado em 05.12.2003


Diante de algum desafio missionário ou da exposição de experiências e relatórios do campo, talvez você já tenha se perguntado: eu também posso ser um missionário?
Bem, eu não sei qual foi a resposta que você obteve, mas qualquer que tenha sido, espero que tenha lhe conduzido até a verdade bíblica de que todo regenerado é potencialmente um missionário. Ou seja, alguém que deve frutificar e trabalhar na seara a partir do campo em que está inserido.
Porém, muitas vezes, temos definido o termo missionário de maneira diferente. De um modo geral, temos preferido considerar que missionário é aquele que atua num ambiente transcultural, que abdica do conforto do seu lar, da presença dos seus familiares e até mesmo do amor ao seu povo e à sua pátria, para cumprir o propósito divino de viver como peregrino e proclamar o evangelho em terras distantes.
Utilizando a imagem do missionário nesse segundo conceito, gostaria de afirmar que, ainda assim, o missionário é homem ou mulher comum.
O missionário não é um ser humano perfeito, mas é um perfeito ser humano em toda sua constituição. Ele tem sentimentos como qualquer outra pessoa. Ele sofre, chora, se aborrece e sente saudades.
“Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, por dentro temores”. 2 Coríntios 7:5.
O missionário é aquele que, como você, vive enfrentando todo tipo de dificuldades e tentando vencer as suas lutas diárias diante do trono da graça de Deus. Por que não?
O problema é que temos a tendência de colocar o missionário numa posição tão elevada como homem ou mulher de Deus que acabamos deduzindo que tal estatura é inatingível. A obra missionária passa a ser algo distante e nos sentimos pequenos e sem condições de participar.
Na minha própria experiência, tem sido comum encontrar pessoas que pensam que a obra missionária é algo restrito e de responsabilidade apenas de um pequeno grupo que dentro da igreja foi divinamente separado para este fim, quando, na verdade, Deus espera a participação de cada crente, por mais insignificante que pareça a sua contribuição.
Todos aqueles que receberam uma nova vida, um novo Espírito, uma nova natureza, um novo coração, um novo destino, uma nova morada, também receberam a ordem de pregar o evangelho ao mundo. De forma que direta ou indiretamente, sempre haverá algo que poderão fazer para cumprir esta ordem.
Guardo comigo uma carta interessante que recebi tempos atrás. A carta narra uma suposta apresentação do apóstolo Paulo, nos nossos dias, a uma agência missionária desejando ser enviado como missionário para a Espanha.
Após uma série de questionamentos ao ministério de Paulo, o apóstolo acaba sendo rejeitado e considerado desqualificado como missionário para ser enviado ao campo.
A carta é interessante exatamente porque expõe de maneira singular a fragilidade dos nossos modelos atuais de missões e a frieza com que temos tratado alguns candidatos aos campos.
Os supostos motivos da desqualificação do apóstolo Paulo são narrados, na carta, em nome do secretário executivo da agência. Cujos principais são: a idade avançada, aparência desprezível, dificuldades com a visão física e folha corrida na polícia, dentre outras causas.
Assim, a mensagem que absorvi ao ler e reler aquela carta é que lamentavelmente tem nos faltado uma visão da graça de Deus em missões. Se o apóstolo Paulo realmente vivesse nos tempos de hoje, não duvido que até ele seria rejeitado, segundo a nossa prática missionária moderna e os nossos critérios atuais. Infelizmente, o elitismo em missões tem enterrado muitos candidatos que seriam tão úteis, se nós apenas déssemos uma oportunidade, crendo que Deus poderia usá-los.
É surpreendente pensar em alguns homens que Deus utilizou ao longo da história. Homens que Deus levantou como verdadeiras colunas e que aparentemente jamais assumiriam a posição de liderança ou teriam qualquer oportunidade de investimento.
Gosto de lembrar de Davi, um jovem que, aos olhos dos outros homens, não seria a pessoa mais indicada para enfrentar o gigante Golias e muito menos para reinar em Israel.
E o que falar de José, Josias, João Batista e tantos outros? Homens que se não fosse a graça de Deus teriam ficado no anonimato. E pior, teriam sido colocados, pelos homens, na pilha dos inúteis e dos insignificantes deste mundo.
“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra”. Tiago 5:17.
Se observarmos bem, quando Jesus expôs diante dos discípulos a tarefa da Grande Comissão, veremos que ele estava convocando homens que eram considerados indoutos e iletrados (Atos 4:13). Com isso, ele não estava dizendo que os mais cultos e os mais bem preparados não teriam parte importante nesta obra.
A verdade é que, todos, os mais bem preparados como também os leigos. Todos, sem exceção, devem participar de maneira efetiva e na posição em que foram chamados por Deus.
Martin Luther King Jr., disse certa vez num sermão:

“Tu não tens que ter um curso universitário para servir. Tu não tens que saber ligar o predicado ao verbo para servir. Não precisas ter conhecimento sobre Platão e Aristóteles para servir... Precisas apenas ter um coração cheio de graça, e uma alma movida pelo amor”. [1]

O desejo de Deus é que todos se cheguem a Ele, por meio da salvação que há em Cristo (João 12:17), e, se não estamos realmente comprometidos e empenhados neste propósito, precisamos nos ajustar e nos posicionar rapidamente no reino de Deus.
Deixe-me lembrá-lo: foi o Senhor Jesus quem mandou pregar o evangelho a todas as nações e até ao último recanto desta terra!

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